Num recente estudo da Kelly, 61% dos inquiridos (num universo de 13.000 entrevistados portugueses) afirmava a sua vontade quase diária de se despedir do emprego.
Este indicador era o resultado lógico de apenas 21% que se sentiam valorizados pelo seu empregador e 81% que expressaram o seu fraco compromisso com a função que desempenhavam.
Podíamos analisar estes números na ótica do empregador e estudar os impactos negativos na produtividade, a enorme propensão para o absentismo e o (lógico) fraco desempenho comercial e em costumer service.
Mas desta vez vou olhar para o lado do colaborador.
Que impactos pessoais sofre alguém que está num estado (quase) permanente de desmotivação e falta de compromisso com a empresa e suas funções?
Enquanto coach e trainer, tenho encontrado algumas pessoas que se encontram neste estado nas organizações…
Algumas, é notório que simplesmente desistiram. Desistiram delas próprias, da empresa, dos objetivos, de serem ou quererem mais. E por isso passam os dias a (literalmente) arrastar-se pelos corredores, fazendo o possível para que o dia chegue ao final, para que venha sexta-feira, para que comecem as férias…
Outras, mais revolta as, operam na empresa, como o “espertalhão” vai ao buffet.
E como é que é isso? O “espertalhão”, depois de pagar os 7.95€ no buffet, o que é que pensa? “Eu cá não fico a perder. E vou-lhes dar prejuízo! Vou comer praí 15 euros, que eles não se ficam a rir de mim…” Ora na empresa, esta filosofia manifesta-se na mentalidade de “Pagam-me 500?! Então vou trabalhar só 100 que eles não se ficam a rir de mim…”
Mais que os óbvios prejuízos que qualquer uma destas formas de atuar tem na organização, o impacto nas nossas competências, na falta de confiança que passamos ao outro, no nosso percurso profissional, é muito pior.
Quando agimos desta forma, estamos menos focados, pelo que cometemos mais erros. Não aprendemos com estes e por isso não melhoramos. Como não existe melhoria, temos menos capacidade e vontade de crescer e por isso desleixamo-nos e permanecemos menos focados… É fácil ver o ciclo vicioso.
Tudo isto, com o “bónus” de, quanto mais pessoas agirem desta forma, mais rápido a empresa tem maus resultados, e quando ficarmos sem emprego estamos completamente impreparados para lidar com as novas regras do mercado.
Não obstante, o impacto emocional interno é ainda mais grave:
Operar desta forma é um grave desrespeito próprio, pois liga-nos a energias nada atraentes como o desprezo, a estagnação e o conformismo. Dos milhares de pessoas com quem já contactei, nunca encontrei uma única que me contasse uma vida profissional sem desafios, sem aprendizagens, sem sucessos, sem partilha, sem propósito e me dissesse que era feliz e realizado.
Todos nós temos uma luz intensa, um brilho único que existe para fazer isto mesmo: brilhar… E estás sempre a tempo de o fazer.
Liga-te ao que é mais importante para ti, compromete-te a ser a melhor versão de ti própri@. Vais viver, sentir e fazer melhor, isso é garantido.